sexta-feira, 10 de abril de 2009

FARMÁCIA

Encontrei uma farmácia
que havia remédio pra solidão.
Era uma farmácia diferente,
o amor era a medicação.

Tinha remédio pra nostalgia,
dores emocionais,anemia.
Tinha remédio pra muita coisa ruim
Cada dose era uma suave melodia.

Era uma farmácia diferente,
Daquelas que quando se conhece,
não lhe sai da mente.
Onde o boticário era doutor
e amava, no íntimo do seu silêncio,
suas bulas – poemas de amor.

Tomei todos os remédios que queria,
toque, carinho, palavra, magia.
Harmonia, este era o nome – Harmonia!
Ali era possível ver encanto e sabedoria.

Osmar Lima

SONETO DE SENTIMENTO OCULTO

Que sentimento é esse que sufoca e causa dor?
Sentimento que despi a ausência,
Que desmascara a onipotência.
Sentimento que nasce de sublime amor.

Que sentimento é esse que trai o riso,
Sufoca a esperança,
Remexe a lembrança.
E não sai do juízo?

Sentimento que maltrata os amantes,
Sentimento que machuca corações errantes
Sentimento que é sentido sem pudor.

Sentimento acaricia a lealdade,
Que ignora a sabedoria, a maldade.
Sentimento que este soneto me faz compor.

Osmar Lima

TRADUÇÃO

Tu és o futuro do pretérito perfeito,
o adjetivo que qualifica o amor dos amantes.
A preposição que uni orações subordinadas conflitantes.

Tu és sinônimo do substantivo vida.
O conto transcrito por mim sem partida.
A onomatopéia que meus lábios soou.

És a narração de sentimentos sublimes,
A dissertação que convence e redime,
aqueles que se amaram sem pudor.

És concordância,
és importância.
O alfabeto todo,
minha redundância.
És a sorte que o cosmo enviou.

Tu és amor,
és um vocábulo.
Um neologismo,
de um ser letrado.
A prosopopéia do criador.

Tu és o verbo,
és boemia.
Uma paixão,
uma fantasia.
O poema mais belo que alguém recitou.

Osmar Lima

ESPERANDO O REGRESSAR

Com tristeza abri a porta,
E nela vi você passar.
Por amá-lo o deixei livre,
Esperando o regressar.

A porta, deixei aberta.
Anos e anos a passar...
E no sofá nas noites frias,
A companhia era o luar.

Certa noite descontente,
Melancolia a consolar.
A porta abriu, pensei... é o vento,
Que viera me abraçar!

Mas na soleira vi um vulto.
Será? Oh Deus! Posso acreditar?
Serás tu meu grande amor,
Que viera me visitar?

E na penumbra vi você triste.
Arrependido a me abraçar.
Emoção veio e eu não contive.
Deixei uma lágrima rolar.

Ouvi a dúvida no teu silencia,
Por que esta porta aberta está?
E respondi com paixão ardente.
Esta porta sempre esteve aberta a te esperar.

Osmar Lima

SEM VOCÊ

À noite... Choro e lamento
Escrevo um verso,
Me foge a rima.
Me sinto só,
E o só é tormento.

Amanhece o dia... Choro e lamento.
Onde está você?
Não suporto mais...
Tua ausência é solidão.
Tamanho é o sofrimento.

Cai a tarde... Choro e lamento.
Espero um milagre...
No leito de um quarto,
Oro, me afugento.
Em meio à prece... Choro e lamento.

Entardeceu... Choro e lamento
Sem você eu não agüento.
És vida da minha vida.
E vida sem ti é sofrimento.

Anoiteceu... Choro e lamento...

Osmar Lima